Conferência sobre a “Influência do Legado teórico, político e ético de Amílcar Cabral no contexto atual “
No âmbito do Centenário de Amílcar Cabral, a Universidade Lusófona de Cabo Verde, enquanto Instituição vocacionada para o desenvolvimento académico e científico, acolheu ontem dia 11 de novembro, as 16h, uma conferência sobre a "Influência do Legado teórico, político e ético de Amílcar Cabral no contexto atual".
Um evento que teve como oradores eminentes personalidades da vida Pública e académica, como Comandante Pedro Pires, Antigo Presidente da República e Presidente da Fundação Amílcar Cabral, Doutores Carlos Lopes, Antigo Secretário Geral Adjunto das Nações Unidas e o Doutor Carlos Santos, investigador de renome internacional, sendo moderada pelo Doutor Alcides Ramos.
Este evento que se enquadra num vasto programa de dinamização, científica e académica da ULCV para este ano letivo, foi presidida pelo Magnífico Reitor Professor Doutor Carlos Alberto Delgado, e contou com as presenças do Senhor Vice-Reitor, Professor Doutor Bartolomeu Varela, na plataforma online, da Sra. Pró-Reitora, Professora Doutora Elisa Silva e com uma plateia online e presencial constituídas por entidades renomados como o Escritor Germano Almeida, docentes, estudantes, colaboradores e vários convidados, que, num ambiente aprazível e agradável, trouxe à memoria, a imagem de quem é a voz e o símbolo da identidade Cabo-verdiana, Amílcar Cabral.
No seu discurso, o reitor da Universidade, enalteceu o papel de Amílcar Cabral na construção e afirmação da nossa identidade, como nação, referindo-se ao seu percurso e por aquilo que fez aquilo que fez para a humanidade. Ainda deseja que esta conferência possa contribuir para que os estudantes e investigadores vejam em Cabral uma oportunidade de investigação e, assim, contribuir para que uma geração atual e vindoura conheça a verdadeira obra do homem multifacetado.
A comunicação do Comandante Pedro Pires, o conhecedor de Amílcar Cabral, agradeceu a ULCV pela sua adesão à celebração do centenário de Amílcar Cabral, uma celebração abrangente, afirmando que os resultados desta, vêm ultrapassando suas expetativas.
Discorreu sobre a dimensão humana de A. Cabral e sua relação com o outro, em que a sua preocupação e seu esforço iam no sentido de se evitar as armadilhas da desumanização. Falou dos objetivos de Amílcar Cabral que visaram combater a influência em relação aos valores, ao sofrimento e à violência, onde, segundo disse “ nós somos os soldados anónimos da ONU”, aludindo ao facto em como a ONU e seus membros não podiam ser indiferentes a luta da libertação dos povos colonizados.
De seguida, interveio o Doutor Carlos Santos, um estudioso da vida e obra de A. Cabral, enquanto um historiador da arte. Direcionou a sua comunicação apelando a uma reflexão teórica a volta da cultura, afirmando que Cabral tem uma representação em crescendo, principalmente pela geração mais jovem, na música, na arte urbana, no cinema, no design e na dança, numa mensagem direcionada para os jovens. Ainda disse que a ciência é importante e que a academia é responsável pela produção do conhecimento credível, fundamentado e coerente para que haja uma comunicação fundamentada daquilo que somos, enquanto povo.
O Doutor Carlos Lopes, o último orador, fez uma comunicação focalizada no papel de Amílcar Cabral, enquanto panafricanista, tendo enaltecido a figura dessa personalidade que muito fez em tão pouco tempo. Para ele, numa perspetiva crítica, alguns aspetos devem ser considerados para se perceber o papel e a dimensão de Amilcar Cabral. E colocou como reflexão um conjunto de ideias como, segundo ele, “Imaginando Narrativas Africanas, as contribuições Revolucionárias de Amílcar Cabral, focado em como os Pensamentos, Ações e Influências de A. Cabral, continuem a oferecer estruturas críticas para enfrentar os desafios Africanos contemporâneos. O seu papel como agrónomo, escritor e líder político fornece um material rico para explorar abordagens originais sobre autodeterminação Africana, resistência anticolonial, a defesa do pan-africanismo e sua crença no poder da cultura e a história para mudar a identidade e o futuro dos povos africanos.”
Na sua comunicação, lembrou que Cabral representa o poder da juventude, um dos aspetos um pouco esquecido, que é algo extraordinário, que enquadra a magnificência de Cabral com os seus referentes, reunindo-os em dez grandes contributos, designando-lhes de “os dez mandamentos de Cabral” dentre eles, A Valorização da Terra e dos homens que trabalham as terras – Cabral Agrónomo; Africanização do Espírito; entre outros. Ainda disse que uma das teorias mais conhecida de Cabral é o “Suicídio”, em que dizia que depois da Independência a classe nacional – Classe de elite – deveria cometer um suicídio.
Por último finalizou dizendo que a ideia de que Cabral era capaz de saltar da estratégia militar para a estratégia diplomata e ainda ter nos seus últimos tempos de vida, um tempo para trabalhar uma espécie de constituição, a forma de proclamar o estado e muito mais, é simplesmente extraordinário para um homem que viveu só 48 anos.
O primeiro dia das atividades terminou com um grande debate frutífera e enriquecedora entre os conferencistas e a plateia.